ATLÂNTICO
NEGRO: NA ROTA DOS ORIXÁS
Renato Barbieri
O documentário Atlântico
Negro: nas rotas dos Orixás, é um filme que retrata a importância do continente
Africano na construção da sociedade brasileira. Esta estruturação cultural
mostra a semelhança existente entre estes povos, dentre estes laços: a
religiosidade, a musicalidade, a fala, hábitos alimentares, a estrutura
familiar e as manifestações culturais.
Durante as cenas do filme
são desconstruídas visões etnocêntricas e de censo comum sobre o continente
Africano. A idéia de um território que vive em constante estado de guerras
étnicas e civis, de fome e total miséria é desmistificada para mostrar o lado
cultural da África que deu origem ao candomblé, o Xangô e ao Tangô, religiões
presentes no território brasileiro. Essa representação cinematográfica nos
dimensiona a entender o início da mercantilização africana e de como a
escravidão se tornou uma mera desculpa para a propagação das guerras civis,
iniciando assim um intercâmbio biológico, econômico e cultural entre Brasil e
África.
Nota-se, que ter um outro
olhar da África nos ajuda a compreender a nossa própria história, tanto nos
hábitos sociais, quanto nos costumes oriundos desta terra quase que
desconhecida. Tendo a perspectiva que a cultura africana não é a unicamente
baseada na história colonial e no expansionismo europeu, a África com reinos e
império possui suas formas particulares de governar e agir como povo. A
reconstrução da história africana nos permite entender como a escravidão se
promulgou pelo espaço geográfico e social do Brasil, dissipando as misturas
biológicas que originou a miscigenação nacional e a diversidade religiosa
presentes nos terreiros de candomblé como o: ilê aié axé opô ofonjá e casa
branca.
Todo o tema abordado no
documentário abre um leque de oportunidades para entender melhor a África e o
Brasil e conhecer também que existe uma troca cultural entre os dois lugares
referidos. Compreendendo que o retorno dos africanos escravizados para o
continente de origem, representou também a ida de valores culturais, morais e
sociais brasileiro como: a construção da igreja e da festa do Senhor do Bonfim,
a construção (mesmo que em pequena escala) da arquitetura brasileira em solo
africano e a vestimenta feminina das mulheres agudás. Além de entender que
mesmo depois da escravidão, a cultura brasileira continua sendo preservada por
este povo que se denominam brasileiros, mesmo tendo nascido em solo africano.
Esta perspectiva mostra a
construção de nossas raízes, ajudando a fazer paralelos que melhorem o
entendimento dessas aplicações no Brasil. Hoje em pleno século XXI a forma de
vida dos afro-descendentes tornou-se uma luta política e social que visa a
reparação da escravidão que aconteceu no país. Entretanto, este documentário
ressalta a trajetória africana como um continente repleto de etnias e formas de
vidas variadas, desconstruindo a visão eurocêntrica e religiosa da igreja
católica que foi desenvolvida na história ao longo dos séculos.
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