Sociólogo francês propõe
a religação dos saberes com novas concepções sobre o conhecimento e a educação
Edgar Morin nasceu em 1921 em
Paris. Seu nome verdadeiro é Edgar Nahoum. Fez os estudos universitários de História,
Geografia e Direito na Sorbonne, onde se abordou do Partido Comunista, ao qual
se filiou m 1941. Sua família é de origem judaica sefardita. A mãe de Edgar
tinha um problema no coração e não podia engravidar, mas sua vontade de ser mãe
era imensa, então ocultou esse problema do marido entretanto quando Edgar tinha
10 anos sua mãe morre e ele passa a ser criado pelo seu pai e pela sua tia
Corinne Beressi, e como não tinha amizade pelo pai, passa a substituir a dor
deixada pela falta da mãe pelos livros, é aí que nasce o espírito pesquisador
de Edgar. Entre 1945 e 1948 casa- se com Violette Chapellaubeau com quem teve
duas filhas: Irene e Veronique Nahum; É designado tenente-coronel e escreve seu
primeiro livro intitulado “O Ano Zero da Alemanha”, dá baixa no exército; Edgar
é convidado a trabalhar no jornal destinado aos prisioneiros de guerra. Teve
papel ativo no movimento de resistência à ocupação nazista durante a Segunda
Guerra Mundial. Depois do fim da guerra, participou da ocupação da Alemanha. Em
1949, distanciou-se do PC, que o expulsou dois anos depois. Ingressou no Centro
Nacional de Pesquisa Científica (CNRS), onde obteve um dos primeiros estudos
etnológicos produzidos na França, sobre uma comunidade da região da Bretanha.
Criou o Centro de Estudos de Comunicações de Massa e as revistas Arguments e
Comunication. Em 1961 rodou o filme
Crônica de um Verão em parceria com o documentarista Jean Rouch. Em seguida,
fez uma série de viagens à América Latina. Em 1968 começou a lecionar na
Universidade de Nanterre. Passou um ano no Instituto Salk de Estudos Biológicos
em La Jolla, na Califórnia, onde acompanhou descobertas da genética. Redigiu em
1994, com o semiólogo português Lima de Freitas e o físico romeno Basarab
Nicolescu, um manifesto a favor da transdisciplinaridade. Em 1998, demandou,
com o governo francês, jornadas temáticas que ocasionaram o livro A Religação
dos Saberes. Em 2002, a Justiça o condenou por difamação racial devido a um
artigo no qual dizia que "os judeus, que foram vítimas de uma ordem
impiedosa, impõem sua ordem impiedosa aos palestinos". Morin, que é judeu,
pagou 1 euro como pena simbólica. Ainda diretor de pesquisas no CNRS, ele é
doutor honoris causa em universidades de vários países e presidente da
Associação para o Pensamento Complexo. Edgar Morin é um teórico e ativista da
vida, do mundo e da educação, um educador, filosofo, sociólogo, aperfeiçoado em
várias áreas do saber, um homem extraordinário que soube transformar a dor de
várias perdas na vida em conhecimento, conquistando para todos os saberes e a
complexidade da vida. Edgar tem um legado incomensurável de saberes, aprendizagens,
lição de vida. É um educador e pesquisador que descortinou um mundo a nossa
frente.
PRÉ-HISTÓRIA DO SABER
O sociólogo francês protege a
introdução da incerteza e da falibilidade na rigidez cultural do Ocidente. As
restrições causadas pela compartimentação do conhecimento, de acordo com o
educador, são responsáveis por manter o espírito humano em sua pré-história.
Além disso, a tendência de aplicar conceitos abstratos vindos das ciências
exatas e naturais ao universo humano resulta em desdém por aspectos como o
ambiente, a história e a psicologia, entre outros. Um exemplo, diz o pensador,
é a economia, a mais avançada das ciências sociais em termos matemáticos e a
menos capaz de trabalhar com regularidades e previsões. Diante disso , a complexidade
da vida mas ciências e nas atividades humanas precisa de uma recuperação
imediata, portanto, Morin recomenda um pensamento crítico sobre o próprio
pensar e seus métodos, o que implica sempre voltar ao começo, e, assim, se
incorpora com o fato de o homem ser sempre incompleto - o aprendizado é para
toda a vida.
OUVIR OS
JOVENS
Não existe espaço onde a
fragmentação do conhecimento permaneça tão explícita quanto na escola, com sua
estrutura tradicional de parcelamento do tempo em função de disciplinas se
estagne. Por outro lado, a variedade de sujeitos e objetos em busca de
vinculações fazem da sala de aula um fenômeno complexo, ideal para iniciar o
processo de mudança de mentalidades defendida por Morin. A meta é a
transdisciplinaridade.. Ouvir os alunos, espontaneamente sintonizados com o
presente, é a melhor maneira de o professor investir na própria formação. Esse
também é o caminho para arquitetar um fluxograma de ensino focado no próprio
estudante e suas referências culturais, porque as grandes metas da educação
deveriam ser o desenvolvimento da compreensão e da condição humana. Segundo
Morin, o profissional mais preparado para operar essa mudança de abordagem é o
professor generalista dos primeiros anos do Ensino Fundamental, por ter uma
visão ampla do processo.
SUAS
PRINCIPAIS OBRAS
1946- Ano Zero da Alemanha;
1951- O Homem e a Morte; 1957-1962- Revista Argumentos; 1959- Autocrítica;
1965- Introdução à Política do Homem: argumentos políticos; 1968- Maio/68: A
Brecha; 1969- Nova edição de Introduction A Une Politique de L’Homme; 1969- O
Rumor de Orléans; 1969- o X da Questão: sujeito à flor da pele; 1974- A Unidade
do Homem; 1973- O Paradigma Perdido: a natureza humana; 1975- Nova edição de
Autocrítica; 1977- O Método 1: a
natureza da natureza; 1978- Os Primatas e o Homem; O Cérebro Humano; Por Uma
Antropologia Fundamental – Nova edição, desdobrada, da Unidade do Homem; 1980-
O Método 2: a vida da vida; 1981-
Para Sair do Século XX; 1982- Ciência com Consciência; 1983- Da Natureza da
União Sovietica: Complexo Totalitário e Novo Império; 1984- Problema
Epistemológico da Complexidade; 1984- A Rosa e o Negro; 1984- Ciência e
Consciência da Complexidade; 1986- O Método
3: conhecimento do conhecimento; 1989- Vidal e os Seus; 1990- Pensar a
Europa; 1990- Introdução ao Pensamento Complexo; 1990- Colóquio de Cerisy;
1991- O Método 4: as idéias; 1993-
Terra Pátria; 1993- A Decadência do Futuro e a Construção do Presente; 1994-
Meus Demônios; 1994- A Complexidade Humana; 1995- Ano Sìsifico; 1997- Amor, Poesia
e Sabedoria; 1997- Uma Política de Civilização; 1998- A Cabeça Bem Feita:
repensar a reforma e reformar o pensamento; 1998- Ética, Solidariedade e
Complexidade; 1999- A Inteligência da Complexidade; 2000- Le Défi du Xxe.
Siècle.Relier La Conaissance; 2000- Dialogue Sur La Nature Humaine; 2000-
Relier les connaissances, Le Seuil; 2000- Os Sete Saberes Necessários à
Educação do Futuro; 2001- Jounal de Plozévet. Bretagne; 2001- O Método 5: a identidade humana; 2002-
Pour une politique de civilisation, Paris, Arléa; 2002- Dialogue sur la
connaissance, Entretiens avec des lycéens; 2003- La violence du Mond; 2003-
Educar na Era Planetária: o pensamento complexo como método de aprendizagem
pelo erro e incerteza humana; 2003- Les enfants du ciel: entre vide, lumière;
2003- Um Viandante dela complessitá, Morrin filosofo a Messina; 2004 – Diálogo
sobre o Conhecimento.
SUAS CONQUISTAS,
PRÊMIOS E HONRARIAS
Doutor Honoris das universidades
vários países inclusive no Brasil; Vários prêmios internacionais, condecorações,
medalhas, prêmio de Oficial da Ordem do Mérito da Espanha, homenageado com a
Legião de Honra da UNESCO e da França. No México implantou o projeto do
Multiversidade Mundo Real que leva seu nome e foi dedicada uma estátua em sua
homenagem no prédio do Ministério da Educação.
ESCOLA, ENSINO E
APRENDIZAGEM
Edgar Morin: "A
escola mata a curiosidade"
Educador francês
acredita que instigar a curiosidade da criança é a melhor forma de despertá-la
para o saber.
Se vivemos em um mundo complicado
e interligado, e novas informações nos fazem, a toda hora, mudar de planos, por
que a escola ainda teima em ensinar certezas e conhecimentos que parecem únicos
e absolutos? Questões como essa induziram Edgar Morin a recomendar uma nova
estrutura para a educação, que sugerisse também em uma reforma do pensamento.
Nos anos 1990 ele foi convidado pelo Ministério da Educação de seu país para
reestruturar o ensino secundário. A mudança não ocorreu, mas logo suas idéias
tomaram corpo e ultrapassaram as fronteiras da França. A convite da Organização
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Morin fez um
estudo sobre quais seriam os temas que não poderiam faltar para formar o
cidadão do século 21. Assim nasceu Os Sete Saberes Necessários à Educação do
Futuro, texto esse que serviu de base para a elaboração de nossos Parâmetros
Curriculares Nacionais, entre outros documentos. Mas o que tem essa proposta de
diferente? Ela coloca o ser humano e o planeta no centro do ensino. "É
preciso aprender sobre a condição humana, a compreensão e a ética, entender a
era planetária em que vivemos e saber que o conhecimento, qualquer que seja
ele, está sujeito ao erro e à ilusão", adverte Morin. Nesta entrevista ele
explica um pouco seu pensamento e diz que a reforma mais ampla no ensino
aprendizagem pode começar a ser feita em cada sala de aula.
O senhor costuma comparar o nosso
planeta a uma nave espacial, em que a economia, a ciência, a tecnologia e a
política seriam os motores, que atualmente estão danificados. Qual o papel da
educação nessa espaçonave?
Ela teria a função de trazer a
compreensão e fazer as ligações necessárias para esse sistema funcionar bem.
Uso o verbo no condicional porque acho que ela ainda não desempenha esse papel.
O problema é que nessa nave os relacionamentos são muito ruins. Desde o
convívio entre pais e filhos, cheio de brigas, até as relações internacionais —
basta ver o número de guerras que temos. Por isso é preciso lutar para a
melhoria dessas relações.
O que é preciso mudar no ensino
para que o nosso planeta, ou a nave, entre em órbita?
Um dos principais objetivos
da educação é ensinar valores. E esses são incorporados pela criança desde
muito cedo. É preciso mostrar a ela como compreender a si mesma para que possa
compreender os outros e a humanidade em geral. Os jovens têm de conhecer as
particularidades do ser humano e o papel dele na era planetária que vivemos.
Por isso a educação ainda não está fazendo sua parte. O sistema educativo não
incorpora essas discussões e, pior, fragmenta a realidade, simplifica o
complexo, separa o que é inseparável, ignora a multiplicidade e a
diversidade.
O senhor então é contra
a divisão do saber em várias disciplinas?
As disciplinas como estão
estruturadas só servem para isolar os objetos do seu meio e isolar partes de um
todo. Eliminam a desordem e as contradições existentes, para dar uma falsa
sensação de arrumação. A educação deveria romper com isso mostrando as
correlações entre os saberes, a complexidade da vida e dos problemas que hoje
existem. Caso contrário, será sempre ineficiente e insuficiente para os
cidadãos do futuro.
Na prática, de que forma a
compreensão e a condição humana podem estar presentes em um currículo?
Ora, as dúvidas que uma criança
tem são praticamente as mesmas dos adultos e dos filósofos. Quem somos, de onde
viemos e para que estamos aqui? Tentar responder a essas questões, com certeza,
vai instigar a curiosidade dos pequenos e permitir que eles comecem a se
localizar no seu espaço, na comunidade, no mundo e a perceber a correlação dos
saberes.
Mas uma pergunta como
"quem somos?" não é fácil de responder.
E não precisa ser respondida. É a
investigação e a pluralidade de possíveis caminhos que tornam o assunto
interessante. Podemos ir pelo social — somos indivíduos, pertencentes a
determinadas famílias, que estão em uma certa sociedade, dentro de um mundo que
tem passado, história. Todos temos um jeito de ser, um perfil psicológico que
também dá outras informações sobre essa questão. Mas também somos seres feitos
de células vivas — entramos na biologia —, que são formadas por moléculas —
temos então a química. Todas essas moléculas são constituídas por átomos que
vieram de explosões estelares ocorridas há milhões de anos... E assim por
diante. Sempre instigando a curiosidade e não a matando, como freqüentemente
faz a escola.
Como temas tão profundos
podem ser tratados sem que a aula fique chata?
É só não deixar enjoativo o que é
por natureza passional. Um jornal francês de literatura fez uma pesquisa entre
os alunos e descobriu que até os 14 anos os jovens gostam de ler e lêem muito.
Quando vão para o liceu, lêem menos. É verdade que eles começam a sair mais de
casa e ter outros interesses, mas um dos principais motivos é que os professores
tornam a literatura chata, decupando-a em partes pequenas e analisando
minuciosamente o seu vocabulário, em vez de dar mais valor ao sentido do texto,
à sua ação. Nada mais passional do que um romance, nada tão maravilhoso quanto
a poesia! Nada retrata melhor a problemática humana do que as grandes obras
literárias. Os saberes não devem assassinar a curiosidade. A educação deve ser
um despertar para a filosofia, para a literatura, para a música, para as artes.
É isso que preenche a vida. Esse é o seu verdadeiro papel.
A literatura e as artes deveriam
ter mais destaque no ensino?
Sem dúvida. Elas poderiam
se constituir em eixos transdisciplinares. Pegue-se Guerra e Paz, de Tolstói,
por exemplo. O professor de Literatura pode pedir a seu colega de História para
ajudá-lo a situar a obra na história da Rússia. Pode solicitar a um psicólogo,
da escola ou não, que converse com a classe sobre as características
psicológicas dos personagens e as relações entre eles; a um sociólogo que ajude
na compreensão da organização social da época. Toda grande obra de literatura
tem a sua dimensão histórica, psicológica, social, filosófica e cada um desses
aspectos traz esclarecimentos e informações importantes para o estudante. Todo
país tem suas grandes obras e certamente também os clássicos universais servem
para esse fim.
O professor deve buscar
sempre o trabalho interdisciplinar?
Ele deve ter consciência da
importância de sua disciplina, mas precisa perceber também que, com a
iluminação de outros olhares, vai ficar muito mais interessante. O professor
pode procurar ter essa cultura menos especializada, enquanto não existir uma
mudança na formação e na organização dos saberes. O professor de Literatura
precisa conhecer um pouco de história e de psicologia, assim como o de
Matemática e o de Física necessitam de uma formação literária. Hoje existe um
abismo entre as humanidades e as ciências, o que é grave para as duas. Somente
uma comunicação entre elas vai propiciar o nascimento de uma nova cultura, e
essa, sim, deverá perpassar a formação de todos os profissionais.
Como o professor vai aprender a
trabalhar de forma conjunta?
Ele vai se autoformar
quando começar a escutar os alunos, que são os porta-vozes de nossa época. Se
há desinteresse da classe, ele precisa saber o porquê. É dessa postura de
diálogo que as novas necessidades de ensino vão surgir. Ao professor cabe
atendê-las.
Como acontece uma grande reforma
educacional?
Nenhuma mudança é feita de uma só
vez. Não adianta um ministro querer revolucionar a escola se os espíritos não
estiverem preparados. A reforma vai começar por uma minoria que sente
necessidade de mudar. É preciso começar por experiências pilotos, em uma sala
de aula, uma escola ou uma universidade em que novas técnicas e metodologias sejam
utilizadas e onde os saberes necessários para uma educação do futuro componham
o currículo. Teríamos, desde o começo da escolarização, temas como a
compreensão humana; a época planetária, em que se buscaria entender o nosso
tempo, nossos dilemas e nossos desafios; o estudo da condição humana em seus
aspectos biológicos, físicos, culturais, sociais e psíquicos. Dessa forma
começaríamos a progredir e finalmente a mudar.
Como tratar temas tão profundos
como o estudo da condição humana nos diversos níveis de ensino?
Os professores polivalentes da
escola primária são os ideais para tratar desses assuntos. Por não serem
especialistas, têm uma visão mais ampla dos saberes. Eles podem partir da
problemática do estudante e fazer um programa de ensino cheio de questões que
partissem do ser humano. O polivalente pode mostrar aos pequenos como se produz
a cultura da televisão e do videogame na qual eles estão imersos desde muito
cedo. Já a escola que trabalha com os jovens deve dedicar-se à aprendizagem do
diálogo entre as culturas humanísticas e científicas. É o momento ideal para o
aluno conhecer a história de sua nação, situar-se no futuro de seu continente e
da humanidade. Às universidades caberia a reforma do pensamento, para permitir
o uso integral da inteligência.
SABERES
INDISPENSÁVEIS
Em sua defesa da religação dos
saberes, Morin tocou numa inquietação lançada nos dias atuais, quando a
tecnologia permite um acesso inédito às informações. Por isso a Organização das
Nações Unidas pediu a ele uma relação dos temas que não poderiam faltar para
formar o cidadão do século 21. Edgar Morin nos enche de tanto saber,
portanto nasceu o texto Os Sete
Saberes Necessários à Educação do Futuro. A lista começa com o estudo do
próprio conhecimento. O segundo ponto é a pertinência dos conteúdos, para que
levem a "apreender problemas globais e fundamentais". Em seguida vem
o estudo da condição humana, entendida como unidade complexa da natureza dos
indivíduos. Ensinar a identidade terrena é o quarto ponto e refere-se a abordar
as relações humanas de um ponto de vista global. O tópico seguinte é enfrentar
as incertezas com base nos aportes recentes das ciências. O aprendizado da
compreensão, sexto item, pede uma reforma de mentalidades para superar males
como o racismo. Finalmente, uma ética global, baseada na consciência do ser
humano como indivíduo e parte da sociedade e da espécie. Diante tanto
conhecimento, eis aqui uma obra que perpassa muito sobre as concepções da
Educação: Os Sete Saberes para Educação do Futuro, que traz alguns tópicos
pertinentes:
Erro e a Ilusão, o autor descreve que a educação
visa conduzir o conhecimento humano e quando conduzimos, passamos também nossa
ilusão e com isso erros na informação. Saber Pertinente, é o
conhecimento que permita juntar saberes, permitindo fundar relações como diz
Morin (2000) “entre o global, o multidimensional e o complexo”. Ensinar a
Condição Humana, Morin assegura que a educação do futuro deverá ser o
ensino primeiro e universal, situado na condição humana. Conhecer o humano é,
antes de mais nada, situá-lo no universo, e não separá-lo dele como vimos nos
capítulos anteriores. Ensinar a Identidade Terrena, de acordo com
segundo Morin ensinar a identidade terrena é aprender a estar na terra,
significa aprender a viver, a comunicar, a dividir. Por isso, é necessário
ensinar a Era Planetária mostrando como as partes do mundo podem ser solidárias
retratando também que existiram e existem problemas que comprometem a
humanidade. Enfrentar as Incertezas, Morin garante que é imprescindível
ensinar estratégias através das quais as pessoas poderão enfrentar o inesperado
e os imprevistos. O autor diz que é importante aprendermos a lidar com as
incertezas do conhecimento. Para Morin (2000) ‘’é preciso aprender a navegar em
um oceano de incertezas em meio a arquipélago de certeza’’. Ensinar a
Compreensão, alude em envolver a comunicação humana a identidade terrena
numa visão planetária. Buscando entender a educação e compreende-la em uma
grandeza em que conviemos no mesmo mundo, e aprendemos o valor dele,
dimensionando que tudo estar liga e interligado em todos os sentidos, visando à
importância da educação e os saberes para compreender os diversos níveis da
complexidade em que vivemos, tornando-as um objetivo comum que é a educação
para humanidade. Ética do Gênero Humano, isto é a antropo-ética quer
dizer a ética do indivíduo, da sociedade e da espécie, formando uma trindade
que não podem ser separadas, porque a ética depende da cultura e da natureza
humana.
O que Edgar Morin nos deseja
dizer nos sete saberes sobre a educação, é que devemos nos ajudar numa educação
complexa que interligue todos os buracos deixados soltos por muito tempo, para
podermos ter uma consciência crítica e cuidarmos do planeta em que vivemos.
Afinal, estamos na Era Planetária, e só uma educação complexa poderá nos
transformar e é nos transformando que poderemos modificar a sociedade e
consequentemente cuidar do planeta com todas às suas complexidades, inclusive a
nós mesmos, que fazemos parte dessa grande nave como Morin mesmo nos
sinaliza.
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